Comemorações do 44º aniversário do 25 de Abril de 1974
25 de Abril de 2018
Paços do Concelho de Vieira do Minho
Minhas Senhoras, Meus Senhores:
Encontramo-nos mais uma
vez neste salão nobre dos Paços do Município de Vieira do Minho para comemorar
o aniversário sobre a Revolução do 25 de Abril de 1974. Uma revolução que abriu
as portas da modernidade a Portugal, através dos valores democráticos que
advieram desses acontecimentos, bem como de outros subsequentes, como foi o 25
de Novembro de 1975.
Portugal é hoje uma
democracia adulta, pluralista, política e constitucionalmente baseada num
regime semi-presidencialista e que tem por base uma economia de mercado.
Para muitos de nós, os
que não viveram os acontecimentos do 25 de Abril e já nasceram na democracia, é
difícil pensar e assimilar algumas das condições anteriores a esta revolução. A
título de exemplo, que se possa viver com os direitos limitados em função do
sexo ou viver permanentemente sob o olhar atento de uma polícia política.
I)
No ano transacto, neste mesmo local, a intervenção da bancada do CDS-PP na
Assembleia Municipal versou sobre o papel das mulheres na democracia,
nomeadamente, os 40 anos sobre as primeiras eleições autárquicas onde as
mulheres puderam participar de pleno direito; direito esse que se tem
aprofundado através da Lei da Paridade, por todos conhecida, e que estabelece
que as listas para a Assembleia da República, para o Parlamento Europeu e para
as Autarquias Locais são compostas de modo a assegurar a representação mínima
de 33% de cada um dos sexos.
Apesar desta lei, uma
década após a sua adoção, a participação das mulheres na política autárquica
continua abaixo do requerido pela mesma (33,3%) em todos os órgãos, razão pela
qual se encontra em discussão na Assembleia da Republica a elevação dessa
fasquia para os 40%.
Até hoje, em mais de 40
anos de democracia, nunca Portugal teve uma mulher como Presidente da
República. Teve apenas uma Primeira-Ministra. As denominadas pastas ministeriais
mais sensíveis (defesa, justiça e negócios
estrangeiros) só ocasionalmente foram exercidos por mulheres, e apenas em 2009
foi atingido o numero máximo de mulheres a ocupar o cargo de Presidente de
Câmara- vinte e três num universo de 308 municípios.
Como se verifica por
este exemplo, ainda há um caminho a percorrer e todos os avanços obtidos pela
democracia ao longo dos anos devem ser defendidos e estendidos pois o mundo
está em constante mutação.
II)
Em 25 de Abril de 1974
era extinta a polícia política vigente no antigo regime. Para muitos de nós que
não estivemos sujeitos aos seus tentáculos, tudo isso parece um mero
apontamento da história.
Recentemente vieram a
público notícias de que os dados fornecidos pelos utilizadores da rede social
Facebook foram utilizados por uma empresa para manipular a campanha eleitoral
americana. Também sobre o referendo que ditou a saída do Reino Unido da União
Europeia recaem suspeitas de manipulação do resultado.
De facto, o avanço das
tecnologias é um dos maiores desafios e, simultaneamente, uma das maiores
ameaças à nossa liberdade e à nossa democracia. Através da internet é possível
levar a mensagem política a muitas mais pessoas; muitas das que estavam
alheadas dos acontecimentos políticos são hoje “consumidores” aos quais é
servida a informação que os algoritmos decidem.
Mas quando a nossa vida
é disponibilizada na rede, todos os dados ficam à mercê de gigantes globais que
podem manipular a nossa opinião através daquilo que nos dão a ver nas redes
sociais. E quantas e quantas vezes nos deixamos ficar pelo título enganador da
notícia pois a vertigem dos dias não dá tempo para uma leitura mais atenta e
cuidada do seu conteúdo?
Este é para nós, um dos
grandes desafios dos nossos dias. Zelar para que os nossos eleitores não sejam
induzidos numa qualquer campanha populista. Só zelando pela protecção de dados
e da vida privada dos cidadãos poderemos estabelecer uma linha de defesa contra
a manipulação eleitoral.
Podemos pensar que o
nosso pequeno Portugal é imune a esse tipo de apetites. No entanto, este é o
debate que se faz actualmente no Parlamento Europeu e que vai a votos em Maio
do próximo ano. Todos temos que estar alerta e vigilantes quanto à manipulação
da opinião pública através das redes sociais para que os movimentos populistas
que crescem na Europa não obtenham daí uma vantagem indevida.
Defender a protecção de
dados e da vida privada dos cidadãos é também defender a liberdade. E a defesa
da liberdade deve ser uma constante de todos. Assim se defende a democracia e assim
se defende o nosso bem-estar.
Minhas senhoras e meus
senhores,
Portugal é hoje um país
moderno com uma democracia consolidada mas onde ainda há muito para fazer e
desenvolver, assim todos saibamos trabalhar para que tal aconteça.
Naquela manhã de 25 de
Abril de 1974 abriram-se as portas do futuro. Compete-nos agora, a nós, preservar
e desenvolver esse futuro.
Viva o 25 de Abril.
Viva Vieira do Minho.
Viva Portugal.
Intervenção da líder parlamentar do CDS-PP na Assembleia Municipal de Vieira do Minho, Eng.ª Ana Miranda Duarte, nas Comemorações do 44º aniversário do 25 de Abril de 1974.
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